BIOFILME MICROBIANO
Biofilme microbiano é uma colônia de microrganismos envolvida e associada a uma matriz extracelular de natureza polissacarídica ( glicocalix like). A matriz polissacarídica é responsável pela adesão entre as células, pela adesão a superfícies moles e duras e pela proteção dos microrganismos contra fagócitos, anticorpos ( imunoglobulinas ) complemento e agentes antimicrobianos, incluindo antibióticos e medicação intracanal. Biofilme se forma em qualquer superfície úmida exposta a microrganismos: dentes, próteses, restaurações, canos de esgoto, cascos de navio, caixas de água, encanamentos de piscina e de equipamento odontológico. Trata-se de um consórcio de células microbianas associadas a glicoproteinas formando uma colônia mista e complexa, sendo aeróbia no exterior e anaeróbia no interior.
Distel, Hatton e Gillespie de St. Louis, Missouri, USA, estudaram o mecanismo de formação de biofilme microbiano (J Endodon 2002) através de microscopia eletrônica de varredura e microscopia confocal a laser, sugerindo que Biofilmes são definidos como " matriz polissacarídica associada a uma população bacteriana aderente entre si e/ou a superfícies moles ou duras" Ficou demonstrado que a matriz extracelular é penetrada por canais de água que fornece nutrientes e remove detritos. Biofilmes tem sido observados em diversas lesões bacterianas incluindo infecções em tecidos moles da cavidade oral e dentes, assim como ouvidos, trato gastrointestinal e urogenital, implantes cardiacos, dentários e cateteres. A literatura sugere que bactérias em biofilmes são cerca de 10 vêzes mais resistentes a fagocitose, anticorpos e muitos antibióticos. Fatores que contribuem para a resistência incluem as moléculas polissacarídicas "impenetráveis" e a habilidade desenvolvida por bactérias de sobreviverem sem multiplicação, além de condições favoráveis ao crescimento, tais como pH, concentração de ions, nutrientes e suprimento de oxigênio.
O papel de microrganismos extraradiculares em lesões resistentes ao tratamento endodôntico está totalmente aberto a discussão, ao contráriodo do papel dos patógenos intraraduculares. Ainda não se sabe a verdadeira causa das infecções refratárias ao tratamento bem elaborado, tecnicamente correto, havendo especulações e algumas sugestões : canais não encontrados em virtude da complexidade da anatomia , biofilme microbiano extraradicular, microrganismos remanescentes em túbulos dentinários, ramificações e istmos, cistos verdadeiros ( true cyst), infiltração coronária através de restaurações etc. Tronstad et al. em 1990 em 10 biópsias de dentes com lesões periapicais refratárias, encontraram 100% de biofilmes extraradiculares. Siqueira & Lopes em 1999, em 27 dentes com lesões periradiculares encontraram apenas 1 caso. Hession no Congresso de Paris realizado em 1977 disse: " o sucesso do tratamento endodôntico depende da remoção da causa e a transferência da inflamação para áreas onde o sistema de defesa atua com competência e o efetivo selamento do canal a este nível" .
O clínico deve atuar nas áreas onde o sistema imunológico não atinge ( sistema de canais radiculares em dentes com necrose pulpar em virtude da falta de irrigação sanguínea ) porque onde ele atua ( região periapical que possue um alto índice metabólico e riqueza em células mesenquimais indiferenciadas ) ele é absolutamente competente para eliminar a infecção, com exceção de hospedeiros imunocomprometidos/imunodeprimidos.
Nota:Por favor deixe seu comentário clicando em "comments" logo abaixo. Obrigado pela visita