segunda-feira, março 03, 2008

CARLOS BUENO

Prezado Prof. Ruy Hizatugu,


Na observação do seu blog, notei grande preocupação em relação ao uso de medicação intracanal. Creio que tal discussão seja pertinente, no entanto tenho um sentimento que o domínio técnico da anatomia do sistema de canais não mereça de nossos colegas, endodontistas, e principalmente dos educadores a mesma ênfase. Tal suspeita é decorrente ao fato que, em pouco tempo, recebi duas indicações de endodontistas com casos clínicos muito parecidos, que são ilustrativos da idéia exposta. Nos casos, primeiros molares inferiores, os colegas indicaram depois de alguns meses de tratamento (em média 4 meses), com uso de hidróxido de cálcio associado à clorexidina gel 2%. No entanto, as pacientes relatavam sintomatologia intensa, uma delas com dor facial difusa, espontânea, enfim complexa. Nos dois casos, o problema foi resolvido com a localização do terceiro canal na raiz mesial do primeiro molar inferior, o chamado mésio-medial ou mésio-central. Este canal já foi bastante relatado na literatura pertinente (segue slide com alguns artigos), claro, mas parece que ainda existe resistência na utilização do microscópio operatório por parte de alguns membros da comunidade, bem como relacionar insucessos com canais não localizados, ou tratamento endodôntico sem completo domínio da anatomia (lembrar artigos e autores clássicos de microscopia operatória como Carr, Kim, Rubinstein, Pecora, entre outros). Por quê? Será que há uma generalização da idéia que insucessos são decorrentes de uma microbiota residual dentro do sistema de canais e que medicamentos de uso intracanal irão resolver tais casos?

Diante do exposto, coloco em discussão :

1) Precisamos enfatizar o ensino de anatomia e o treinamento técnico para o tratamento endodôntico, ou seremos observados com descrédito pelos colegas e pacientes?

2) Existe colaboração por parte dos educadores no fato (com minha inclusão), quando do ensino de medicação intracanal e microscopia operatória? Será que em outros países a situação é diferente?

Portanto, sabedor das diferentes idéias dos amigos do blog, aguardo contato, um grande abraço, Carlos Bueno, Equipe de Endodontia de Campinas
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