quinta-feira, fevereiro 08, 2007

EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

O título “Endodontia baseada em evidências” está em moda. Evidências são confirmações. Tudo que é evidente está confirmado. Assim, “Endodontia baseada em evidências” seria uma Endodontia com confirmação científica. No caso do tratamento endodôntico ou qualquer outro tratamento que se faz em seres humanos, tem-se a confirmação científica através de pesquisas científicas realizadas em seres humanos. As pesquisas realizadas em laboratório, como aquelas que utilizam culturas de células, cobaias como ratos, cachorros e macacos, nos fornecem argumentos biológicos que explicam os fatos observados em pesquisas com humanos. Correntes da Endodontia, como ocorreu no último CIOSP, tentaram desacreditar os achados clínicos mostrando uma série de cortes histológicos, na tentativa de justificar a utilização de medicação intracanal. Se fizermos um levantamento de trabalhos clínicos que estudaram tratamentos em sessão única e os tratamentos realizados com curativo intracanal, não encontraremos nenhum que mostre a necessidade de se colocar o curativo para se obter o sucesso. Todos os trabalhos mostram resultados estatisticamente semelhantes. Cita-se a meta-análise realizada por Sathorn et al. Nesses trabalhos clínicos, leva-se em consideração sinais e sintomas clínicos para se avaliar o sucesso do tratamento. Para alguns, parece que este tipo de avaliação não é o suficiente. Talvez por isso tentem mostrar cortes histológicos em animais de laboratório para justificar a colocação de medicação intracanal. Se o reparo histológico é tão importante, seria mais interessante levar-se em consideração trabalhos que avaliem o sucesso histológico em humanos, e não em cobaias. Brynolff, em 1966, e Seltzer, em 1999, mostraram que o sucesso histológico de tratamentos endodônticos realizados em humanos não passa de 7%. Será que deveremos deixar de realizar tais tratamentos e partirmos para os implantes? Pelo menos, os que acreditam tanto na avaliação histológica para dizer que o tratamento alcançou o sucesso, deveriam começar a fazer extrações e implantes. Os que acreditam no sucesso clínico, avaliado através de sinais e sintomas clínicos, devem continuar a executar o tratamento endodôntico como sempre fizeram, com excelência e em sessão única, pois a biologia permite isso. Aqueles que confiam no tratamento em duas ou mais sessões, com medicação intracanal entre sessões, devem continuar com o mesmo protocolo de tratamento, sem nenhum problema. Muitos preferem executar a obturação do canal somente após evidências de reparação, o que acontece após 3 a 12 meses de curativo com Hidróxido de Cálcio, executem, porque os resultados serão semelhantes. O que realmente importa é o domínio da anatomia e o controle da infecção. Sessão única e sessões múltiplas não é uma opção, é uma consequência da habilidade e conhecimento técnico-científico individual, aliado à excelência. Além disso, trabalhos mais recentes como de Peters et al (2002) já demonstraram que o que realmente limpa o canal é o preparo químico-mecânico. A colocação de medicação intracanal, ao contrário do que se acreditava, faz com que haja proliferação das bactérias remanescentes. A nova diminuição do número de bactérias só se consegue com a reinstrumentação do canal. Uma outra observação importante desses pesquisadores é que a qualidade da desinfecção da primeira instrumentação e da re-instrumentação são estatisticamente iguais. Talvez essa seja a explicação biológica mais coerente para o fato de termos resultados estatisticamente iguais, quanto ao sucesso clínico, dos tratamentos realizados em sessão única e em sessões múltiplas
Eduardo Kado

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