O título “Endodontia baseada em evidências” está em moda. Evidências são confirmações. Tudo que é evidente está confirmado. Assim, “Endodontia baseada em evidências” seria uma Endodontia com confirmação científica. No caso do tratamento endodôntico ou qualquer outro tratamento que se faz em seres humanos, tem-se a confirmação científica através de pesquisas científicas realizadas em seres humanos. As pesquisas realizadas em laboratório, como aquelas que utilizam culturas de células, cobaias como ratos, cachorros e macacos, nos fornecem argumentos biológicos que explicam os fatos observados em pesquisas com humanos. Correntes da Endodontia, como ocorreu no último CIOSP, tentaram desacreditar os achados clínicos mostrando uma série de cortes histológicos, na tentativa de justificar a utilização de medicação intracanal. Se fizermos um levantamento de trabalhos clínicos que estudaram tratamentos em sessão única e os tratamentos realizados com curativo intracanal, não encontraremos nenhum que mostre a necessidade de se colocar o curativo para se obter o sucesso. Todos os trabalhos mostram resultados estatisticamente semelhantes. Cita-se a meta-análise realizada por Sathorn et al. Nesses trabalhos clínicos, leva-se em consideração sinais e sintomas clínicos para se avaliar o sucesso do tratamento. Para alguns, parece que este tipo de avaliação não é o suficiente. Talvez por isso tentem mostrar cortes histológicos em animais de laboratório para justificar a colocação de medicação intracanal. Se o reparo histológico é tão importante, seria mais interessante levar-se em consideração trabalhos que avaliem o sucesso histológico em humanos, e não em cobaias. Brynolff, em 1966, e Seltzer, em 1999, mostraram que o sucesso histológico de tratamentos endodônticos realizados em humanos não passa de 7%. Será que deveremos deixar de realizar tais tratamentos e partirmos para os implantes? Pelo menos, os que acreditam tanto na avaliação histológica para dizer que o tratamento alcançou o sucesso, deveriam começar a fazer extrações e implantes. Os que acreditam no sucesso clínico, avaliado através de sinais e sintomas clínicos, devem continuar a executar o tratamento endodôntico como sempre fizeram, com excelência e em sessão única, pois a biologia permite isso. Aqueles que confiam no tratamento em duas ou mais sessões, com medicação intracanal entre sessões, devem continuar com o mesmo protocolo de tratamento, sem nenhum problema. Muitos preferem executar a obturação do canal somente após evidências de reparação, o que acontece após 3 a 12 meses de curativo com Hidróxido de Cálcio, executem, porque os resultados serão semelhantes. O que realmente importa é o domínio da anatomia e o controle da infecção. Sessão única e sessões múltiplas não é uma opção, é uma consequência da habilidade e conhecimento técnico-científico individual, aliado à excelência. Além disso, trabalhos mais recentes como de Peters et al (2002) já demonstraram que o que realmente limpa o canal é o preparo químico-mecânico. A colocação de medicação intracanal, ao contrário do que se acreditava, faz com que haja proliferação das bactérias remanescentes. A nova diminuição do número de bactérias só se consegue com a reinstrumentação do canal. Uma outra observação importante desses pesquisadores é que a qualidade da desinfecção da primeira instrumentação e da re-instrumentação são estatisticamente iguais. Talvez essa seja a explicação biológica mais coerente para o fato de termos resultados estatisticamente iguais, quanto ao sucesso clínico, dos tratamentos realizados em sessão única e em sessões múltiplas
Eduardo Kado
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quinta-feira, fevereiro 08, 2007
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
FÓRUM DE ESPECIALIDADE - 25º CIOSP
Dr. Ruy Hizatugu,
Sua falta foi sentida tanto pelos palestrantes quanto pelos congressistas.
Estimo-lhe saúde e pronto restabelecimento.
O Fórum foi gratificante, como pode ser constatado pelo Dr. Celso e outros colegas presentes.
Com alegria vimos Dr. Carlos Estrela motivado e Dr. Mario Leonardo concordando a necessidade de repensar a Odontologia dos últimos vinte anos e juntamente com o Dr. José Luiz Lage Marques entrarem em concordância pela busca do sucesso(excelência) do tratamento endodôntico,respeitando não só á Biologia, como a Microbiologia. Sempre observando o respeito e amizade na caminhada para elaboração da Odontologia como Ciência e Arte.
Mais uma vez saúde e muito trabalho.
De Neudice e família.
Querida amiga e colega Neudice. Muitíssimo obrigado pelas suas palavras de incentivo e amizade. Eu sentí muito não poder participar do forum e desfrutar da convivência e sabedoria de meus colegas, Prof. Carlos Estrela, Prof. Mário Roberto Leonardo e José Luiz Lage Marques, expoentes da Endodontia Brasileira. Também fiquei sabendo do empenho dos palestrantes em repensar e refletir sobre a endodontia dos últimos vinte anos e procurar respaldo na Biologia celular e molecular e Microbiologia para a excelência de resultados clínicos e histológicos.
Gostei muito quando você fala do respeito e amizade demonstrado pelos ministradores no trato de questões controvertidas da terapia endodôntica, particularmente em relação ao uso de medicação intracanal ( Hidróxido de Cálcio ) entre sessões nos casos de dentes com infecção e patologia periapical.
O meu artigo de cabeceira foi escrito pelo R. Holland e colaboradores, incluindo J. Ingle e Equipe da UCLA em 1983 e publicado no Oral Surgery. O estudo que eu tive a oportunidade de acompanhar, durou cerca de três anos e envolveu lesões periapicais induzidas em dentes de cães e de macacos. Utilizou-se medicação intracanal de longo prazo com H. de Cálcio, período de 3-10 mêses. Os resultados histológicos revelaram o alto índice de reparação com formação de neocemento na região periapical e poucas células inflamatórias. O estudo revolucionou a endodontia da época e até hoje encontra seguidores da idéia. Prova disso, eu participei de um forum de debate em Belo Horizonte recentemente, onde o Prof. C. Bóveda mostrou casos maravilhosos de reparação usando Hidróxido de Cálcio por 10 a 12 mêses e obturou os canais somente após a reparação sugerida pelas radiografias. Conheço casos idênticos do Prof. G. Debelian da Noruega com resultados fantásticos.
Bystrom e Sundqvist e Bystrom e outros, publicaram uma série de 5 estudos 1982, 83, 85, 85 e 87 onde eles concluiram que deixando o canal vazio após completo preparo químico mecânico, ocorre o restabelecimento da flora microbiana endodôntica no período de 2 a 3 dias. Por causa disso os autores recomendaram o uso de medicação intracanal com Hidróxido de Cálcio e contraindicaram o tratamento em sessão única. Houve um grande equívoco de interpretação de resultados porque o tratamento em sessão única não deixa o canal vazio, e sim o canal preenchido tridimensionalmente com cimento e guta percha o que é fundamental para o êxito do tratamento. Também no estudo de Holland de 1983, referido anteriormente, os formadores de opinião da época interpretaram os resultados contemplando a medicação intracanal como fator decisivo no sucesso e contraindicando a sessão única. Bastava comparar os dentes obturados após 1 ano com H. de Cálcio e dentes obturados imediatamente, sem nenhuma medicação. Todavia, este não foi o objetivo dos autores, apenas a interpretação de profissionais do ensino é que foi equivocada, causando enorme prejuizo à verdade científica na época.
Episódios desta natureza ocorrem com muita freqüência. Neudice, eu peço licença para chamar a sua atenção para o fato da importância da interpretação de estudos publicados na literatura e do real valor desses estudos. Após 49 anos de exercício em endodontia exclusivamente, eu fico preocupado em ver nossa especialidade tão importante para a odontologia estar dividida em duas correntes de opinião, embora este fato não seja indesejável: uma de profissionais orientados no uso de medicação intracanal e outra praticando obturação imediata. Desejável será um debate para se discutir alguns dos temas polêmicos para melhor esclarecimento. Lembrando que o Fórum de debate é o local onde professores e alunos aprendem, não é o local para exibição de conhecimento. Considerando meu recente impedimento de participar do ultimo fórum, ficarei muito satisfeito em participar de um novo debate, portanto, ponho-me a disposição para uma nova reunião, tanto em Goiânia, como Araraquara ou em outro local de livre escolha.
Dra. Neudice, peço-lhe permissão para encaminhar este “post” ao Prof. Estrela, ao Prof. Leonardo, Prof. Lage-Marques e Prof. Cardoso, como também à Comissão Científica do 25º CIOSP, através de sua coordenadora Dra. Mary Caroline Skelton Macedo, ao DeCoFe, na pessoa do Dr. Salvador Nunes Gentil e ao Presidente Prof. Raphael Baldacci Filho.
Envio um abraço com muita estima e amizade.
Ruy Hizatugu.
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Estimo-lhe saúde e pronto restabelecimento.
O Fórum foi gratificante, como pode ser constatado pelo Dr. Celso e outros colegas presentes.
Com alegria vimos Dr. Carlos Estrela motivado e Dr. Mario Leonardo concordando a necessidade de repensar a Odontologia dos últimos vinte anos e juntamente com o Dr. José Luiz Lage Marques entrarem em concordância pela busca do sucesso(excelência) do tratamento endodôntico,respeitando não só á Biologia, como a Microbiologia. Sempre observando o respeito e amizade na caminhada para elaboração da Odontologia como Ciência e Arte.
Mais uma vez saúde e muito trabalho.
De Neudice e família.
Querida amiga e colega Neudice. Muitíssimo obrigado pelas suas palavras de incentivo e amizade. Eu sentí muito não poder participar do forum e desfrutar da convivência e sabedoria de meus colegas, Prof. Carlos Estrela, Prof. Mário Roberto Leonardo e José Luiz Lage Marques, expoentes da Endodontia Brasileira. Também fiquei sabendo do empenho dos palestrantes em repensar e refletir sobre a endodontia dos últimos vinte anos e procurar respaldo na Biologia celular e molecular e Microbiologia para a excelência de resultados clínicos e histológicos.
Gostei muito quando você fala do respeito e amizade demonstrado pelos ministradores no trato de questões controvertidas da terapia endodôntica, particularmente em relação ao uso de medicação intracanal ( Hidróxido de Cálcio ) entre sessões nos casos de dentes com infecção e patologia periapical.
O meu artigo de cabeceira foi escrito pelo R. Holland e colaboradores, incluindo J. Ingle e Equipe da UCLA em 1983 e publicado no Oral Surgery. O estudo que eu tive a oportunidade de acompanhar, durou cerca de três anos e envolveu lesões periapicais induzidas em dentes de cães e de macacos. Utilizou-se medicação intracanal de longo prazo com H. de Cálcio, período de 3-10 mêses. Os resultados histológicos revelaram o alto índice de reparação com formação de neocemento na região periapical e poucas células inflamatórias. O estudo revolucionou a endodontia da época e até hoje encontra seguidores da idéia. Prova disso, eu participei de um forum de debate em Belo Horizonte recentemente, onde o Prof. C. Bóveda mostrou casos maravilhosos de reparação usando Hidróxido de Cálcio por 10 a 12 mêses e obturou os canais somente após a reparação sugerida pelas radiografias. Conheço casos idênticos do Prof. G. Debelian da Noruega com resultados fantásticos.
Bystrom e Sundqvist e Bystrom e outros, publicaram uma série de 5 estudos 1982, 83, 85, 85 e 87 onde eles concluiram que deixando o canal vazio após completo preparo químico mecânico, ocorre o restabelecimento da flora microbiana endodôntica no período de 2 a 3 dias. Por causa disso os autores recomendaram o uso de medicação intracanal com Hidróxido de Cálcio e contraindicaram o tratamento em sessão única. Houve um grande equívoco de interpretação de resultados porque o tratamento em sessão única não deixa o canal vazio, e sim o canal preenchido tridimensionalmente com cimento e guta percha o que é fundamental para o êxito do tratamento. Também no estudo de Holland de 1983, referido anteriormente, os formadores de opinião da época interpretaram os resultados contemplando a medicação intracanal como fator decisivo no sucesso e contraindicando a sessão única. Bastava comparar os dentes obturados após 1 ano com H. de Cálcio e dentes obturados imediatamente, sem nenhuma medicação. Todavia, este não foi o objetivo dos autores, apenas a interpretação de profissionais do ensino é que foi equivocada, causando enorme prejuizo à verdade científica na época.
Episódios desta natureza ocorrem com muita freqüência. Neudice, eu peço licença para chamar a sua atenção para o fato da importância da interpretação de estudos publicados na literatura e do real valor desses estudos. Após 49 anos de exercício em endodontia exclusivamente, eu fico preocupado em ver nossa especialidade tão importante para a odontologia estar dividida em duas correntes de opinião, embora este fato não seja indesejável: uma de profissionais orientados no uso de medicação intracanal e outra praticando obturação imediata. Desejável será um debate para se discutir alguns dos temas polêmicos para melhor esclarecimento. Lembrando que o Fórum de debate é o local onde professores e alunos aprendem, não é o local para exibição de conhecimento. Considerando meu recente impedimento de participar do ultimo fórum, ficarei muito satisfeito em participar de um novo debate, portanto, ponho-me a disposição para uma nova reunião, tanto em Goiânia, como Araraquara ou em outro local de livre escolha.
Dra. Neudice, peço-lhe permissão para encaminhar este “post” ao Prof. Estrela, ao Prof. Leonardo, Prof. Lage-Marques e Prof. Cardoso, como também à Comissão Científica do 25º CIOSP, através de sua coordenadora Dra. Mary Caroline Skelton Macedo, ao DeCoFe, na pessoa do Dr. Salvador Nunes Gentil e ao Presidente Prof. Raphael Baldacci Filho.
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