quarta-feira, junho 20, 2007

BLINDAGEM DENTAL

Os paradigmas da endodontia contemporânea são três :
  1. DOMÍNIO DA ANATOMIA
  2. CONTROLE DA INFECÇÃO
  3. BLINDAGEM DENTAL

O domínio da anatomia depende do conhecimento da complexa anatomia macroscópica (canais radiculares) e anatomia microscópica (túbulos dentinários e ramificações, incluindo canais laterais, colaterais, istmos intercanais, forâmes e foraminas apicais).

O controle da infecção depende do domínio da anatomia. Na patologia pulpar e periapical o ator principal é o biofilme microbiano e os atores secundários são as células e moléculas do sistema de defesa do hospedeiro.

A blindagem dental refere-se ao selamento permanente cavitário através de sistemas adesivos. É um termo proposto pelo Prof. Francisco Souza Filho da FOP da UNICAMP em 2007, durante Simpósio realizado em Curitiba. A blindagem diminui a microinfiltração e o índice de fratura dental, além de aumentar a longevidade e melhorar a estética.

quinta-feira, junho 14, 2007

ENDODONTIA EM SESSÃO ÚNICA : LANÇAMENTO DO LIVRO PELA EDITORA SANTOS

ENDODONTIA - em Sessão Única
EDITORA SANTOS - SÃO PAULO - BRASIL
LANÇAMENTO NACIONAL : HOTEL GLÓRIA - RIO DE JANEIRO.
Dias 28 - 29- 30 de Junho de 2007.
Autores:
Ruy Hizatugu - Gustavo Meneghine - Edson Miyasaki
Eduardo Kado - Kazuzo Okino Neto - Marko Nishioka
Alex Otani - Sidney Komatsu - Shinichi Kimura




quarta-feira, junho 13, 2007

REUNIÃO EXTRA-MUROS


Reunião Extra-Muros dos Cursos APCD Central e APCD Pinheiros em 12-06-2007

O tema desenvolvido pelo Prof. Ruy Hizatugu foi "PARADIGMAS DA ENDODONTIA CONTENPORÂNEA" em seguida tivemos debate com todos os participantes.

domingo, junho 03, 2007

A LITERATURA CIENTÍFICA - RESULTADOS, CONCLUSÕES, INTERPRETAÇÃO

O acompanhamento da literatura científica nos auxilia na atualização de nosso conhecimento. Porém, para aqueles que militam apenas na clínica, como é o nosso caso, a interpretação correta de uma pesquisa científica, nem sempre é fácil, pois falta o conhecimento de metodologias e particularidades de pesquisa que só os que atuam nesta área dominam. Na última reunião de nosso grupo de estudo, discutimos o trabalho do Professor Siqueira e colaboradores, intitulado “Bacterial Reduction in Infected Root Canals Treated With 2.5% NaOCl as an Irrigant and Calcium Hydroxide/Camphorated Paramonochlorophenol Paste as an Intracanal Dressing” (J Endod, 33(6): 667-72, 2007). Em resumo, os autores avaliaram a redução bacteriana após a instrumentação usando NaOCl a 2,5% e, após a colocação de medicação intracanal Ca(OH)2 + PMCC. Em 11 dentes com infecção intra-radicular primária e periodontite apical crônica, realizaram a coleta microbiana inicial (S1), a segunda coleta após a instrumentação do canal (S2) e, por fim, a coleta (S3) após medicação intracanal que permaneceu durante 7 dias. Em S1, observaram bactérias em todos os casos. Em S2, 54,5% dos casos apresentaram cultura positiva, enquanto que, em S3 apenas um caso (9,1%) apresentou cultura positiva. O leitor mais atento poderá verificar pela tabela 1 da página 670, que na coleta S2 obtida após o PQM houve 5 dentes que apresentaram cultura negativa e 6 dentes com cultura positiva. Os dentes com cultura positiva apresentaram altíssimo índice de desinfecção, variando entre 95 a 99,99 %. Todavia os autores concluem que é indispensável a utilização de medicação intracanal com Ca(OH)2 + PMCC para complementar o efeito do preparo químico mecânico.
O Professor José Freitas Siqueira Jr é tido como um dos maiores pesquisadores brasileiros na área da Endodontia com reconhecimento mundial. Embora nossa equipe defenda uma posição diferente, que é o tratamento endodôntico em sessão única, sempre tivemos um grande respeito e admiração pelos seus conhecimentos na área de Microbiologia e Imunologia relacionadas à Endodontia. E por nossa amizade, sentimos a liberdade de expressar o nosso ponto de vista em relação a esse trabalho. Embora haja diferença de culturas positivas entre S1 (54,5%) e S2 (9,1%), verificou-se que o grau de desinfecção obtida nos casos de cultura positiva é acima de 96%. Se a cultura positiva indica a presença de microrganismos, a cultura negativa não implica esterilidade. Na discussão, os autores sabiamente confessam sobre as desvantagens do “design” do estudo apresentado porque as coletas foram efetuadas somente dos canais principais. Outras regiões do sistema de canais radiculares não são atingidas, incluindo profundidade de túbulos, istmos intercanais, dentina peritubular, canais laterais, forames e foraminas apicais. Bactérias da microbiota endodôntica podem estar abaixo da sensibilidade do método de cultura empregado ou podem estar impossibilitadas de crescer em condições artificiais de laboratório. Ainda não se sabe exatamente, qual é o grau de desinfecção necessário para se atingir o sucesso. Não podemos nem afirmar, se irrigar o canal com hipoclorito de sódio a 2,5% seja melhor que irrigar o canal com água. É claro que em termos de desinfecção o hipoclorito de sódio apresenta melhores resultados. Mas será que esse melhor resultado na desinfecção será observado também no índice de sucesso? Estudos tem demonstrado que a instrumentação associada à irrigação do canal com substância sem ação antimicrobiana, como é o caso da água, é capaz de eliminar praticamente 90% dos microrganismos do canal. Será que com esse nível de desinfecção consegue-se um índice de sucesso pior ou igual ao índice conseguido quando se elimina 96% de bactérias do canal? Não se sabe. Mas, provavelmente, acima desses valores, não se verifica diferença no índice de sucesso do tratamento endodôntico como é comprovado por Sathorn et al. (2005) que não observaram diferença estatística entre tratamento em sessão única e em sessões múltiplas. Afirmar que um tratamento é melhor que outro só porque consegue melhor desinfecção poderá constituir-se de equívoco involuntário de interpretação. Observa-se em vários estudos a preocupação em não contaminar a coleta com a substância antimicrobiana utilizada. Por exemplo, para se realizar a coleta microbiana após a instrumentação do canal, quando se faz a irrigação com hipoclorito de sódio, utiliza-se o tiossulfato de sódio para neutralizar a sua ação residual. Não basta lavar o canal apenas com água destilada, pois a ação antimicrobiana do hipoclorito de sódio permanece. Um outro exemplo, Peters et al. (2002) que mostraram aumento no número de bactérias após a colocação de medicação intracanal (hidróxido de cálcio), acreditam que a diferença de seus resultados, em relação aos que mostravam melhor desinfecção com hidróxido de cálcio, se deve ao cuidado que tiveram em remover toda a medicação intracanal. Os autores defendem que a contaminação da coleta pelo Ca(OH)2 foi a responsável pelos erros de avaliação. Uma questão ficou pendente em nossa discussão: Será que não há necessidade também de neutralizar a ação do PMCC antes de realizar a coleta microbiana? De qualquer maneira, a nossa equipe acredita ainda, em adotar uma conduta clínica baseada em evidências clínicas (sucesso e insucesso) e que toda a melhoria que se tenta impor a um tratamento precisa ter confirmação clínica e não apenas laboratorial. Nas ciências biológicas, a clínica é soberana.